sábado, 1 de maio de 2010

Versos Amargos, de Abu Al-Ala Al-Maarrí

Versos Amargos

Erram todos: muçulmanos, cristãos, judeus,
Dois homens apenas formam a seita universal:
O homem inteligente, sem religião,
E o homem religioso, sem inteligência.

Nas suas igrejas, os cristãos recitam as Escrituras;
Nas suas sinagogas, os judeus salmodiam sua Thora,
Religiões que se tornaram simples seitas, todas iguais.
Cada credo lança o anátema sobre os adeptos dos outros credos

Não escolhi nascer,
Não posso impedir que envelheça ou morra.
Que mais posso escolher?


Não comas o que foi tirado do mar com violência, nem o alimento
proveniente de animais degolados.
Não te alimentes com ovos, pois as suas mães querem fazer deles
pequenos viventes, e não coisas mortas.
Não prendas os pássaros descuidados com armadilhas.
Não toques no mel das abelhas, que saíram de manhã cedo para
colhê-lo nas folhas odorosas.
Elas não o guardaram para servir a outros. Não o juntaram para fazerem
liberalidades.
Limpei minhas mãos de tudo isso.



Abu Al-Ala Al-Maarri (974-1078), nasceu na pequena aldeia Síria de Maarrat Na-Numan. Tinha quatro anos quando a varíola vedou seus olhos para sempre. Mas mesmo cego, “via mais longe do que os outros homens”, afirma um de seus biógrafos. Graças ao seu gênio e a esforços constantes, tornou-se um dos homens mais cultos de sua época e um dos filósofos mais profundos de todos os tempos.
A filosofia de Abu Al-Ala se distingue pelo pessimismo, o ceticismo, a predominância dada à Razão sobre a Fé, uma luta agressiva contra a injustiça e a estupidez, e uma compaixão infinita para com todos os seres vivos.


Depois postarei a fonte, Okay?

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