sábado, 1 de maio de 2010

DEUS TE LIVRE, POETA

DEUS TE LIVRE, POETA...

Deus te livre, poeta,
de verter no cálice de teu irmão
a menor gota de amargura.
Deus te livre, poeta,
de interceptar sequer com tua mão
a luz que o sol presenteia a uma criatura.

Deus te livre, poeta,
de escrever uma estrofe que contriste;
de turvar com teu ar enfadonho
e tua lógica triste
a lógica divina de um sonho;
de obstruir o caminho, o intento
que percorra a mais humilde planta;
de destruir a pobre folha ao vento;
de entorpecer, nem com o mais suave
dos pesos, o ímpeto de uma ave
ou de um belo ideal que se levanta.

Tem para todo júbilo, a santa
simpatia acolhedora que o aprova;
põe uma nota nova
em toda voz que canta,
e retira, com teus sons,
um mínimo espinho em cada prova
que torture aos maus e aos bons.


Amado Nervo
Marzo, 1916.
Livro: Elevación.


Amado Nervo, pseudônimo de Juan Crisóstomo Ruiz de Nervo (Tepic, Nayarit 27 de agosto de 1870 — Montevidéu, 24 de maio de 1919), é poeta mexicano.

O romance O bachiller (1895) apresenta caracaterísticas naturalistas. Os livros de poemas Pérolas negras e Místicas (1898) têm características que indicam influência da poesia modernista.
 Obra
O bachiller (1895)
Pérolas negras (1898)
Místicas (1898)
O êxodo e as flores do caminho (1902)
Os jardins interiores (1905)
Em voz baixa (1909)
Serenidade (1914)
Elevação (1917)
Plenitude (1918)
A amada imóvel (1922)
Poesia de Amado Nervo - Canto XXIV


Fonte Biografia: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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