sexta-feira, 30 de abril de 2010

Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier

A Fundação Cultural Cassiano Ricardo - FCCR,  está convidando escritores joseenses, ou residentes em São José dos Campos, interessados em expor seus trabalhos e participar das atividades do Festival da Mantiqueira,  que acontece de 28 a 30 de maio no distrito de São Francisco Xavier.
As inscrições devem ser feitas pelo próprio site da FCCR até o dia 20 de maio.

Nós vamos, não fomos? A gente se encontra por lá. Espero rever o dr.Auro Lúcio Silva, meu amigo de longa data. Logo vou falar sobre ele aqui. Aquele superabraço, dr.Lúcio.

O Amor é a Lei de Deus.

O Amor é a Lei de Deus.

Mirdad adivinha uma inimizade entre dois companheiros, pede a harpa e canta o hino da nova arca.

Capítulo 11

MIRDAD: O Amor é a Lei de Deus. Viveis para que aprendais a amar. Amais para que aprendais a viver. Nenhuma outra lição é exigida do Homem.

E o que é amar, senão aquele que ama absorver o amado de modo a que os dois sejam um?
A quem ou a quê devemos amar? Podemos escolher uma certa folha da Árvore da Vida e despejar sobre ela todo o nosso coração? E o ramo que produziu essa folha? E a haste que sustenta esse ramo? E a casca que protege essa haste? E as raízes que alimentam a casca, os ramos e as folhas? E o solo que envolve as raízes? E o sol, o mar e o ar que fertilizam o solo?
Se uma pequena folha merece vosso amor, quanto mais o merecerá a árvore toda! O amor que corta uma fração do todo, antecipadamente se condena ao sofrimento.
Direis: “Mas há muitas e muitas folhas em uma única árvore: umas são sadias, outras são doentes; umas são belas, outras, feias; algumas são gigantes, outras são anãs. Como poderemos deixar de escolher?”
E vos direi: Da palidez do doente provém a vitalidade do sadio. E vos direi ainda mais, que a fealdade é a paleta, a tinta e o pincel da Beleza; e que o anão não seria anão se não tivesse dado parte de sua estatura ao gigante.
Vós sois a Árvore da Vida. Cuidado para não dividirdes a vós mesmos! Não ponhais um fruto contra outro fruto, uma folha contra outra folha, um ramo contra outro ramo; nem ponhais o ramo contra as raízes, ou a árvore contra a terra-mãe: é exatamente isso que fazeis quando amais uma parte mais do que o restante, ou com exclusão do restante.
Vós sois a Árvore da Vida. Vossas raízes estão em toda parte. Vossos ramos e folhas estão em toda parte. Vossos frutos estão em todas as bocas. Sejam quais forem os frutos dessa árvore; sejam quais forem os seus ramos e folhas; sejam quais forem as suas raízes, serão os vossos frutos; serão as vossas folhas e ramos; serão as vossas raízes. Se quiserdes que a árvore dê frutos doces e aromáticos, se a desejardes sempre forte e verde, cuidai da seiva com que alimentais as suas raízes.
O Amor é a seiva da Vida. O Ódio é o pus da Morte. Mas o Amor, tal como o sangue, precisa não encontrar obstáculos para circular nas veias. Reprimi o movimento do sangue e ele se tornará uma ameaça, uma praga. E o que é o Ódio senão Amor reprimido, ou Amor retido, tornando-se um veneno tanto para o que alimenta como para o alimentado, tanto para o que odeia como para o que é odiado.
Uma folha amarela na vossa Árvore da Vida é somente uma folha à qual faltou Amor. Não culpeis a folha amarela.
Um ramo ressequido é somente um ramo faminto de Amor. Não culpeis o ramo ressequido.
Uma fruta podre é somente uma fruta que foi amamentada com Ódio. Não culpeis a fruta podre. Culpai antes o vosso coração cego e egoísta que repartiu a seiva da vida a uns poucos e a negou a muitos, negando-a assim a ela própria.
Não há outro amor possível senão o amor a si próprio. Mas nenhum ser é real, senão aquele que abrange o Todo. Eis porque Deus é Amor; porque Deus se Ama a Si Mesmo.
Se o Amor vos faz sofrer, é porque ainda não encontrastes o vosso próprio ser, nem achastes ainda a chave de ouro do Amor, pois se amais um ser efêmero, o vosso amor é efêmero.
O amor do homem pela mulher não é Amor. É algo muito diferente. O amor dos pais pelos filhos é tão somente o limiar do sagrado templo do Amor. Enquanto cada homem não amar a todas as mulheres, e vice-versa; enquanto cada criança não for filho de todos os pais e de todas as mães, e vice-versa, deixai que os homens se gabem de carnes e ossos que se apegam a outras carnes e ossos, mas jamais deis a isso o sagrado nome de Amor. Será blasfêmia.
Não tereis um único amigo enquanto vos considerardes inimigo, ainda que seja de um único homem. Como pode o coração que abriga inimizade ser um refúgio seguro para a amizade?
Não conhecereis a alegria do Amor enquanto houver ódio em vossos corações. Se alimentásseis com a seiva da Vida todas as coisas, menos um pequenino verme, esse pequenino verme sozinho tornaria amarga a vossa vida, pois quando amais alguém ou alguma coisa, na realidade, somente amais a vós próprios. Do mesmo modo, quando odiais alguém ou alguma coisa, em verdade odiais a vós mesmos, pois aquilo que odiais está inseparavelmente ligado àquilo que amais, como o verso e o reverso da mesma moeda. Se quiserdes ser honestos convosco mesmos tereis que amar aqueles e aquilo que odiais e aqueles e aquilo que vos odeia, antes de amardes o que amais e o que vos ama.
O Amor não é uma virtude. O Amor é uma necessidade; mais necessidade é do que o pão e a água; mais do que a luz e o ar.
Que ninguém se orgulhe de amar. Deveis respirar no Amor tão natural e livremente como respirais o ar, para dentro e para fora de vossos pulmões, pois o Amor não precisa de ninguém que o exalte. A Amor exaltará o coração que o considerar digno de si.
Não espereis recompensa do Amor. O Amor é, em si mesmo, recompensa suficiente para o Amor, assim como o Ódio é, em si mesmo, castigo bastante para o Ódio.
Não peçais contas ao Amor, pois o Amor não presta contas senão a si mesmo.
O Amor não empresta nem pode ser emprestado; o Amor não compra nem vende; mas quando dá, ele se dá todo inteiro; e quando toma, toma tudo. E o seu dar-se é tomar. Conseqüentemente é o mesmo, hoje, amanhã e sempre.
Assim como um poderoso rio que se esvazia no mar é reabastecido pelo mar, assim deveis esvaziar-nos no Amor para que sejais para sempre enchidos de Amor. A lagoa que retém o presente que o mar lhe dá torna-se uma lagoa de água estagnada.
Não há mais nem menos no Amor. No momento em que tentardes graduar e medir o Amor ele desaparecerá, deixando só amargas recordações.
Nem há agora nem depois, ou aqui e acolá no Amor. Todas as estações são estações do Amor. Todos os locais são próprios para serem habitados pelo Amor.
O Amor não conhece fronteiras nem obstáculos. Um amor cuja ação é impedida por qualquer obstáculo não merece o nome de Amor. Sempre vos ouço dizer que o Amor é cego, no sentido de que não vê defeitos naquele que é amado. Essa espécie de cegueira é o máximo da visão.
Desejaríeis ser sempre tão cegos que não encontrásseis faltas em coisa alguma!
Não! É claro e penetrante o olhar do Amor. Por isso ele não vê faltas. Quando o Amor houver purificado a vossa visão não vereis jamais nada que não seja digno de vosso Amor. Só uma vista despojada de Amor, um olho faltoso, está sempre ocupado em encontrar faltas. E quaisquer faltas que encontre serão as suas próprias faltas.
O Amor integra. O Ódio desintegra. Esta imensa e pesada massa de terra e pedra a que dais o nome de Pico do Altar voaria rapidamente para todos os lados se não fosse conservada unida pela mão do Amor. --- Mesmo os vossos corpos, perecíveis como parecem ser, resistiriam à desintegração se amásseis com a mesma intensidade cada uma das células que o constituem.
O Amor é paz cheia das melodias da Vida. O Ódio é a guerra ansiosa pelos satânicos golpes da Morte.
Que preferis: o Amor para gozardes a paz eterna, ou o Ódio para estardes para sempre em guerra?
Toda a Terra está viva em vós. O Céu e suas hostes estão vivos em vós. Amai, pois a Terra e todos os seus habitantes, se amais a vós mesmos.
Amai o Céu e todos os seus habitantes, se amais a vós mesmos.

Por que odeias Naronda, Abimar?

Naronda: Todos se chocaram com a súbita mudança no tom de voz e nos pensamentos do Mestre, enquanto Abimar e eu ficávamos mudos com a referência tão direta a um desentendimento que havia entre nós e que cuidadosamente escondíamos de todos, não tendo motivos para crer que alguém disso suspeitasse. Todos olharam estarrecidos para nós ambos e ficaram à espera da resposta de Abimar.
Abimar: (Olhando para mim com expressão reprovadora). Você contou algo ao Mestre, Naronda?

Naronda: Quando Abimar disse “O Mestre” meu coração saltou de alegria no meu peito. Havia sido exatamente em torno dessa palavra que nós havíamos desentendido muito tempo antes de Mirdad se haver revelado; dizendo eu que ele era um professor que tinha vindo para nos ensinar e Abimar insistindo em que era um homem vulgar.
MIRDAD: Não olhe para Naronda com desconfiança, Abimar, pois ele não é culpado da tua culpa.
Abimar: Quem vos contou, então? Podeis, também, ler o que está na mente dos homens?
MIRDAD: Mirdad não precisa de espiões nem de intérpretes. Se tu amasses Mirdad como ele te ama, facilmente lerias o que lhe vai na mente e no coração.

Abimar: Perdoe a um cego e surdo, Mestre. Abre os olhos e os ouvidos meus, pois estou ansioso por ver e ouvir.

MIRDAD: Só o Amor faz prodígios. Se queres ver, deixa que o Amor tome conta da pupila de teus olhos. Se queres ouvir, deixa que o Amor tome posse dos tímpanos de teus ouvidos.

Abimar: Mas eu a ninguém odeio, nem mesmo a Naronda.
MIRDAD: Não odiar não é amar, Abimar. O Amor é uma força ativa; a não ser que ela guie todas as tuas ações e passos, não poderás encontrar teu caminho; a não ser que ela satisfaça todos os teus desejos e pensamentos, os pensamentos serão urtigas em teus sonhos; os pensamentos serão canções fúnebres em teus dias.
Agora meu coração é uma harpa me sinto disposto a cantar, onde está tua harpa Zamora?

Zamora: Quereis que eu vá buscá-la, Mestre?

MIRDAD: Vai, Zamora.

Naronda: Zamora logo levantou-se e foi buscar a harpa. Os demais se entreolhavam e admirados se mantinham em silêncio.
Ao voltar Zamora com a harpa, o Mestre gentilmente a tomou de suas mãos e curvando-se sobre ela ternamente, afinou corda por corda, logo depois começou a tocar e cantar:

MIRDAD:
Deus é o comandante, navega, minha Arca!
Mesmo que o Inferno desate suas fúrias
Sobre os vivos e os mortos,
E transforme a terra em chumbo derretido,
Varrendo dois céus todos os indícios,
Deus é o comandante, navega, minha Arca!

O Amor é a bússola, desliza, minha Arca!
Vai para o norte e para o sul, para o oeste e para o leste
E reparte com todos a fortuna do teu cofre.
A tempestade te levará na sua crista
Como um farol para os navegantes nas trevas.
O Amor é a tua bússola, desliza, minha Arca!

A Fé é tua âncora, viaja, minha Arca!
Pode o trovão ribombar e o corisco o céu riscar,
Podem as montanhas tremer e desmoronar,
E o coração do homem enfraquecer tanto
Que se esqueça da centelha sagrada,
A Fé é tua âncora, viaja, minha Arca!

Naronda: O Mestre terminou de cantar e curvou-se sobre a harpa qual mãe se curva, amorosa, sobre o filho que está amamentando. E embora suas cordas já não tremessem, a harpa continuava a vibrar: “Deus é o comandante, navega, minha Arca!” E embora os lábios do Mestre estivessem fechados, sua voz continuou reverberando durante muito tempo, através do Ninho e flutuando em ondas pelos picos das montanhas e até as colinas e no vale, lá embaixo; até o incansável mar, lá embaixo; até a abóbada azul, lá em cima.
Havia uma chuva de estrelas e um arco-íris naquela voz. Havia tremores e furacões de mistura com brisas cantantes e rouxinóis embriagados de canções. Havia mares revoltos e abrumados por neblinas macias. E parecia como se toda a criação estivesse ouvindo com alegre gratidão.
E parecia, ainda, que as Montanhas Alvas, com o Pico do Altar no centro, tivessem sido subitamente separadas da Terra e estivessem flutuando no espaço, majestosas, poderosas e conscientes de seu destino.
Durante os três dias que se seguiram, o Mestre não dirigiu palavra a ninguém.

O Livro de Mirdad
Autor: Mikhail Naimy
Traduzido da edição em inglês -- por alunos do LECTORIUM ROSICRUCIANUM -- publicado em 1954, em Bombaim, Índia.

Não é correto matar pra comer?, de O Livro de Mirdad.

 Não é correto matar para comer?

Capítulo 24

Quando Shamadam e o magarefe se haviam retirado, Micayon perguntou ao Mestre:
Micayon: Não é correto, Mestre, matar para comer?



MIRDAD: Alimentar-se da Morte é tornar-se alimento da Morte. Viver da dores alheias é tornar-se presa da dor. Assim o decretou a Vontade Total. Toma conhecimento disto e escolhe o que hás de fazer, Micayon.

Micayon: Se eu pudesse escolher, escolheria viver, como a fênix, do aroma das coisas, não de sua carne.

MIRDAD: Em verdade uma excelente escolha. Crê, Micayon, que dia virá em que os homens viverão do aroma das coisas, que é o seu espírito, e não de sua carne e sangue. E esse dia não está longe para aqueles que almejam.

Os que almejam sabem que a vida da carne nada mais é do que uma ponte para a Vida fora da carne.
Os que almejam sabem que os sentidos grosseiros e inadequados não são mais do que orifícios pelos quais se espia para o mundo dos sentidos infinitamente apurados e adequados.
Os que almejam sabem que toda carne que rasguem, mais cedo ou mais tarde terão que restaurar com sua própria carne; e todo osso que triturem terão que reconstruir com os seus próprios ossos; e cada gota de sangue que derramem, terão que repor com o seu próprio sangue, pois essa é a lei da carne.
E os que almejam se libertarão da escravidão a esta lei. Por isso reduzem as suas necessidades corporais ao mais baixo limite, reduzindo, assim, o seu débito à carne – o qual é, em verdade, um débito à Dor e à Morte.
O que almeja é inibido pela sua própria vontade e anseio; ao passo que o que não almeja espera que os outros o proíbam. Uma infinidade de coisas que são corretas para o que não almeja, são consideradas pelo que almeja como incorretas para ele.
Enquanto o que não almeja procura mais e mais coisas com que possa encher os seus bolsos e seu ventre, o que almeja segue o seu caminho sem ter bolso e com o ventre limpo de sangue e das convulsões de qualquer criatura.
O que aquele que não almeja ganha – ou pensa ganhar – no fim aquele que almeja ganha na leveza de espírito e na doçura da compreensão.
De dois homens que olham para um campo verdejante, um deles calcula o preço das medidas do grão em prata e ouro; o outro bebe a linda cor verde do campo com os olhos, e confraterniza sua alma com todas as radículas das plantas e todos pequeninos seixos existentes no mínimo torrão de terra.
Em verdade vos digo que este é o legítimo dono daquele campo, enquanto o outro só o possui em arrendamento.
De dois homens sentados em uma casa, um deles é o proprietário e o outro somente hóspede. O proprietário discorre prolixamente sobre o custo do prédio e de sua manutenção, sobre o valor das cortinas e dos tapetes, da mobília e de outros utensílios. Enquanto isso, o hóspede abençoa em seu coração as mãos que lavraram as pedras, afeiçoaram e construíram a casa; as mãos que teceram os tapetes e as cortinas; as mãos que invadiram a floresta e a transformaram em janelas, portas, cadeiras e mesas. E o seu espírito se exalta à Mão Criadora que causou a existência de tudo isto.
Em verdade vos digo que o hóspede é o habitante permanente daquela casa; enquanto o proprietário nominal é só uma besta de carga que a carrega nas costas, porém não mora nela.
De dois homens que compartilham com um bezerro o leite da mãe deste, um olha para o bezerro com o pensamento de que sua carne tenra daria um bom assado para ele e seus amigos comemorarem o seu próximo aniversário; o outro pensa no bezerro como seu irmão de leite e está repleto de amor pelo animalzinho e por sua mãe.
Em verdade vos digo que o segundo é realmente alimentado pela carne daquele bezerro; enquanto que o primeiro é por ela envenenado.
Sim, companheiros, há muita coisa que deveria entrar no coração, e no entanto, entra no estômago.
Muita coisa entra no bolso e na despensa, quando deveriam ser esmagadas pela mente.
É muito pouco aquilo de que o corpo precisa para sustentar-se. Quanto menos lhe derdes, menos ele vos dará de volta.
Em verdade vos digo que as coisas que não vão para a vossa despensa nem para o vosso estômago, vos nutrem muito mais do que aquelas que vão para a despensa e o estômago.
Uma vez que ainda não podeis viver somente da fragrância das coisas, tomai sem receio aquilo de que necessitais – porém não mais do que necessitais, -- do generoso coração da Terra, pois a Terra é tão hospitaleira e amorosa que seu coração está sempre aberto para os seus filhos.
Como poderia ser a Terra de outro modo e onde poderia ela ir, fora de si mesma, para alimentar-se? A Terra precisa alimentar a Terra e a Terra não é uma anfitriã avarenta, pois a sua mesa está sempre posta em abundância para todos.
Da mesma maneira que a Terra vos convida a participar de sua mesa, nada retendo fora de vosso alcance, da mesma maneira deveis convidar a Terra para a vossa mesa e dizer-lhe com o maior amor e sinceridade:
“Oh mãe inexprimível! Assim como tu expões o teu coração diante de mim para que eu tome aquilo de que necessitar, ponho eu meu coração diante de ti para que tomes aquilo de que necessitares.”
Se for esse o espírito que vos guia ao comerdes do coração da Terra, então pouco importa o que comais.
E se for esse, realmente, o espírito que vos guia, então tereis sabedoria bastante e amor bastante para não privardes a Terra de nenhum de seus filhos, especialmente daqueles que vieram para sentir o prazer de viver e a dor de morrer – aqueles que acabam de chegar ao segmento da Dualidade, pois eles também tem um caminho a seguir, vagaroso e trabalhoso, para a Unidade. E a sua estrada é mais longa do que a vossa. Se os detiverdes em sua marcha, eles vos deterão em vossa caminhada.

Abimar: Já que todas as coisas vivas têm que morrer, por uma ou por outra causa, porque devo eu ter escrúpulos em ser a causa da morte de qualquer animal?

MIRDAD: Conquanto seja verdade que tudo quanto é vivo está condenado à morte, mesmo assim é maldito aquele que causa a morte de qualquer coisa viva.
Assim como tu não me encarregarias de matar Naronda, sabendo que eu o amo muito e que não há desejo de sangue em meu coração, também a Vontade Total não encarregaria um homem de matar outro homem ou animal, a não ser que o considerasse apto como instrumento de morte.
Enquanto os homens forem o que são, haverá furtos e roubos entre eles, e mentiras e guerras e assassínios e toda sorte de paixões negras e vis.
Mas desgraçados serão o gatuno e o ladrão; e desgraçado será o mentiroso e o senhor da guerra, e o assassino e todo homem que aninhar em seu coração paixões negras e vis, pois eles, estando repleto de desgraça, serão usados pela Vontade Total como mensageiros da desgraça.
Mas vós, meus Companheiros, deveis limpar os vossos corações de toda paixão negra e má para que a Vontade Total vos ache preparados a levar ao mundo sofredor a alegre mensagem da redenção do sofrimento; a mensagem daqueles que se libertaram; a mensagem da Libertação através do Amor e da Compreensão.
Assim ensinei eu a Noé.
Assim eu agora vos ensino.

Autor: Mikhail Naimy.
O Livro de Mirdad. Pág. 145, 146, 147, 148 e 149.
Traduzido da edição em inglês – por alunos do Lectorium Rosicrucianum -
Publicada em 1954 por N.M. Tripathi LTD., Bombaim– Índia.

Elegia Desesperada, de Vinícius de Moraes

Elegia Desesperada
(O Desespero da Piedade)

Vinicius de Moraes

Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.

Tende piedade das pequenas famílias suburbanas
E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos
Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam
E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina

Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta
Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina
Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte
E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte.

Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá
Que são virtuoses da própria tristeza e solidão
Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio
E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca.

Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram
E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução
Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram
E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza.

Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos
Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão
E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão
Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão...

Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros
Que se efeminam por profissão mas são humildes nas suas carícias
Mas tende maior piedade ainda dos que cortam o cabelo:
Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus!

Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria
Quem lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos
Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo
Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus.

Tende piedade dos homens úteis como os dentistas
Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer
Mas tende mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia
Que muito deles gostariam de ser médicos, Senhor.

Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos
Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão
Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes
Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres
Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres
Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres
Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

Tende piedade da moça feia que serve na vida
De casa, comida e roupa lavada da moça bonita
Mas tende mais piedade ainda da moça bonita
Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais
Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação
E sonham exaltadas nos quartos humildes
Os olhos perdidos e o seio na mão.

Tende piedade da mulher no primeiro coito
Onde se cria a primeira alegria da Criação
E onde se consuma a tragédia dos anjos
E onde a morte encontra a vida em desintegração.

Tende piedade da mulher no instante do parto
Onde ela é como a água explodindo em convulsão
Onde ela é como a terra vomitando cólera
Onde ela é como a lua parindo desilusão.

Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas
Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade
Mas tende piedade também das mulheres casadas
Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.

Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas
Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas
Mas que vendem barato muito instante de esquecimento
E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno.

Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas
De corpo hermético e coração patético
Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas
Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.

Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.

Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.

Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.

Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!

A poesia acima foi extraída do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág.73.

da oração, O Livro de Mirdad

Bennoon: Que dizeis da oração, Mestre Mirdad? Na oração nos fazem dizer palavras demais e  pedir coisas em excesso. No entanto, raramente obtemos aquilo que pedimos.
                                                                                                                 
da oração                                                                                                        

capítulo 13

MIRDAD: Orais em vão quando dirigis a quaisquer outros deuses que não a vós mesmos, pois em vós está o poder de atrair, e em vós, o poder de repelir.
                  E em vós está aquilo que atraireis e em vós está aquilo que repelireis, pois poder receber algo é poder dar isso mesmo.
                 Onde há fome há alimento. Onde há alimento necessariamente há fome. Sofrer a dor da fome é ter a alegria de gozar da bênção de ser farto.
                 Sim, na necessidade está o suprimento da necessidade.
                 Não é a chave uma garantia para a fechadura?
                 E não é a fechadura uma garantia para a chave? Não são ambas, a fechadura e a chave, uma garantia para a porta?
                 Não tenhais pressa em importunar o serralheiro cada vez que não souberdes onde puseste a chave. O serralheiro fez a sua tarefa e a fez bem; não se deve pedir que torne a fazê-la constantemente. Fazei o vosso trabalho e deixai em paz o serralheiro; pois ele, depois de vos ter servido, tem mais o que fazer. Retirai o mau cheiro e o lixo de vossa memória e certamente encontrareis a chave.
                  Quando Deus, o impronunciável vos pronunciou, Ele se pronunciou em vós. Vós, portanto, também sois impronunciáveis.
                   Deus não vos dotou de nenhuma fração de Si -- pois Ele é indivisível; -- mas de toda sua divindade, indivisível, impronunciável Ele vos dotou a vós todos. Que maior herança podeis vós aspirar?
E quem ou o que vos impede de apossardes dela senão a vossa própria timidez e cegueira?
                   E em vez de serem gratos por essa herança e em vez de procurarem os meios de tomarem posse dela, alguns homens -- cegos e ingratos! -- fazem de Deus uma espécie de quarto de despejo ao qual levam suas dores de dentes e barriga, seus prejuizos nos negócios, suas brigas, suas vinganças e suas noites de insônia.
                   Enquanto outros fazem de Deus sua casa do tesouro onde esperam encontrar o que desejam toda vez que cobiçam a posse de todos os pechisbeques deste mundo.
                   Há ainda outros que fazem de Deus uma espécie de seu guarda-livros particular. Pretendem que Deus deva não só manter em dia as contas de suas dívidas, mas também cobre o que lhes é devido, conseguindo sempre um grande saldo a favor deles.
                   Sim, são muitas e diversas as tarefas que os homens exigem de Deus. No entanto, poucos se lembram de que se isso estivesse a cargo de Deus, Ele as executaria sozinho e não precisaria de homem algum para incitá-Lo a fazê-las ou L'has recordar.
                   Por acaso relembrais a Deus das horas em que deve nascer o sol ou pôr-se a lua?                  Lembrais a Deus de fazer brotar da terra o grão de milho naquele campo? Tendes que lembrá-Lo para que aquela aranha acolá teça a sua teia? Precisas lembrá-Lo dos filhotes do pardal naquele ninho ali? Por acaso tendes de lembrá-Lo das inúmeras coisas que enchem este infinito universo?
                   Por que fazeis pressão com vossos insignificantes seres, em Sua memória? Sois menos favorecidos em Sua vista do que os pardais, o milho e as aranhas? Por que, como eles, não recebeis os vossos presentes e não vos ocupais com vossas tarefas sem muito alarido, sem dobramentos de joelhos, e extensão de braços e sem ficardes ansiosos a espiar o amanhã?
                   E onde está Deus para que preciseis gritar nos seus ouvidos os vossos caprichos e as vossas vaidades, vossos louvores, vossas queixas? Não está Ele em vós e em tudo ao redor de vós? Não está o  Seu ouvido muito mais próximo de vossa boca do que o está vossa língua do vosso céu da boca?
                   Basta a Deus a Sua divindade, da qual tendes a semente.
                   Se Deus, tendo-vos dado a semente de Sua divindade, tivesse que cuidar dela ao invés de vós, qual seria a vossa virtude? E qual seria o trabalho de vossa vida? E se vós não tiverdes trabalho algum a executar, mas Deus precisar executá-lo para vós, que sentido terá, então, a vossa vida? E de que valerão todas as vossas preces?
                   Não leveis a Deus as vossas inúmeras preocupações e esperanças. Não Lhe peçais para abrir as portas das quais Ele vos deu as chaves. Mas buscai-as na vastidão de vossos corações, pois na vastidão do coração se encontra a chave de todas as portas. E na vastidão do coração estão todas as coisas pelas quais tendes sede e fome, sejam do bem ou do mal.
                   Um poderoso exército aguarda o vosso chamado e atenderá imediatamente ao vosso mais leve apelo. Quando devidamente equipado, sabiamente disciplinado e corajosamente comandado, poderá saltar eternidades e destruir todas as barreiras que se opuserem ao seu ideal. Quando mal equipado, indisciplinado e timidamente comandado, ele ficará vagando inutilmente ou se retirará com rapidez diante do menor obstáculo, arrastando atrás de si a mais negra derrota.
                     E não é outro esse exército, ó monges, que aqueles diminutos corpúsculos vermelhos que estão agora, silenciosamente, a circular em vossas veias; cada um deles um milagre de força, cada um deles um registro completo e exato de toda vossa vida e de toda Vida nos seus mais ínfimos pormenores.
                     É no coração que este exército se reúne, pois o coração é que faz o seu treinamento. Eis porque é o coração tão famoso e tão reverenciado. Dele brotam as vossas lágrimas de alegria e de tristeza. A ele acorrem os vossos temores da Vida e da Morte. Vossos anseios e vossos desejos são o equipamento desse exército. Vossa Mente é que o disciplina. Vossa Vontade, seu instrutor e comandante.
                     Quando sois capazes de equipar o vosso sangue com um Desejo-Mestre que silencia e ultrapassa todos os desejos; e entregais a um Pensamento-Mestre a disciplina; e encarregais uma Vontade-Mestrado treinamento e do comando, então por certo vereis realizado esse desejo.
                      Como o santo atinge a Santidade, senão eliminando de sua corrente sanguinea todo desejo e todo pensamento incompatível com a santidade e depois dirigindo-o com uma vontade determinadora a nada mais buscar senão a santidade?
                       Em verdade vos digo que todos os desejos santos e todos os pensamentos santos, de Adão até hoje, correrão a ajudar o homem assim inclinado a atingir a Santidade, pois sempre foi assim que em toda parte as águas procuram o mar e os raios de sol procuram o Sol.
                       Como é que o assassino executa os seus planos senão chicoteando o seu sangue até que este adquira uma sede insana de assassínio e reunindo as células deste sangue em fileiras cerradas sob o látego de um pensamento-mestre assassino e comandado com uma vontade incansável de desferir o golpe mortal?
                       Em verdade vos digo que todo assassino, desde Caim até hoje correrá sem que seja chamado para dar força e firmeza ao braço do homem que está embriagado com o assassínio, pois sempre foi assim, que os corvos se associam aos corvos e as hienas se juntam às hienas.
                       Orar, pois, é infundir no sangue um Desejo-Mestre, uma Vontade-Mestra. É, pois, afinar o eu para que fique em perfeita harmonia com o objetivo da prece.
                       A atmosfera deste planeta, refletida com todos os seus pormenores, dentro de vossos corações, está fervendo com as memórias de todas as coisas que testemunhou desde o seu nascimento.
                       Nenhuma palavra ou ação; nenhum desejo ou suspiro;  nenhum pensamento passageiro ou sonho transitório; nenhuma aspiração de homem ou animal; nenhuma sombra, nenhuma ilusão há, que nela não tenha registrado até hoje o seu curso místico e assim farão pelos séculos dos séculos. Afinai o vosso coração a qualquer um deles e ele certamente corrrerá a tocá-lo nas cordas assim afinadas.
                       Para orardes não precisais de língua nem de lábios. Mas antes necessitais de um coração silencioso e desperto; de um Desejo-Mestre e, acima de tudo de uma Vontade-Mestra que não duvide nem hesite, pois as palavras de nada valem se o coração não estiver presente e desperto, melhor é que a língua durma ou que se esconda atrás dos lábios fechados.
                       Nem precisais de templos para neles morardes. Quem não pode encontrar um templo em seu coração, jamais encontrará seu coração num templo. No entanto, estas coisas vos digo, a vós e aos que são como vós, não, porém, a todos os homens, pois a maioria dos homens ainda são como náufragos. Sentem a necessidade de orar, porém não sabe como fazê-lo. Não podem orar senão com palavras e não encontrarão as palavras se vós não as puserdes nos seus lábios. E sentem-se perdidos e apavorados quando se os faz percorrer a vastidão de seus corações, mas se acham sossegados e confortados entre as paredes dos templos e nas multidões de criaturas com eles.
                       Deixai-os erigir os seus templos. Deixai-os recitar as suas preces.
                       Mas a vós e a todos os homens eu rogo que oreis pela Compreensão. Qualquer desejo que não seja este, jamais será cumprido.
                       Lembrai-vos de que a chave da Vida é a Palavra Criadora. A chave da Palavra Criadora é o Amor. A chave do Amor é a Compreensão. Enchei os vossos corações com estas e poupai às vossas mentes o peso de muitas orações; livrai vossos corações da ligação a todos os deuses que vos escravizarão com uma dádiva; que vos acariciarão com uma das mãos para vos destruir com a outra; que estão satisfeitos e bondosos quando os louvais, cheios de ódio e vingativos quando censurados; que vos não ouvem senão quando os chamais e que nada vos dão se não lhes implorardes, que vos tendo dado frequentemente se arrependem de o terem feito; cujo incenso são as vossas lágrimas; cuja glória é a vossa vergonha.
                       Sim, livrai os vossos corações de todos estes deuses para que possais neles encontrar o único Deus que tendo vos enchido com Ele mesmo, vos terá cheios para sempre.

Bennoon: Às vezes falais do Homem como onipotente e às vezes falais dele como um abandonado. Desse modo deixai-nos confusos.


O LIVRO DE MIRDAD

Autor: Mikhaïl Naimy

Publicado em Bombain, na Índia,
em 1954, pelo Lectorium Rosicrucianum
Págs. 87, 88, 89, 90, 91 e 92.

Capa de O Livro de Mirdad



       

Oração da Manhã

Oração da Manhã

 
Senhor, no silêncio deste dia que amanhece

venho pedir-te a paz, a sabedoria, a força

Quero ver o mundo com olhos cheios de amor

ser paciente, compreensivo, manso e prudente

ver além das aparências teus filhos como tu mesmo os vês

e assim não ver senão o Bem em cada um

Cerra meus ouvidos a toda calúnia

Guarda minha língua de toda maldade

Que só de bênçãos se encha meu espírito

Que eu seja tão bondoso e alegre

que todos quantos se achegarem a mim

sintam a Tua presença.

Reveste-me de Tua beleza, Senhor,

e que no decurso deste dia

Eu Te revele a todos.

Amém!

                                   

Lord, Show Me How

Lord, Show Me How


If I can do some good today,

If I can serve along life's way,

If I can something helpful say,

Lord, show me how.


If I can right a human wrong,

If I can help to make one strong,

If I can cheer with smile or song,

Lord, shoe me how.


If I can make a burden less,

If I can aid one in distress,

If I can spread more happiness,

Lord, show me how.


If I can do a kindly deed,

If I can sow a fruitful seed.

If I can help someone in need,

Lord, show me how.


If I can feed a hungry heart,

If I can give a better start,

If I can fill a nobler part,

Lord, show me how.



Grenville Kleiser (1868-1935) was an American author. Grenville Kleiser was born in 1868 in Toronto, Canada. He married Elizabeth Thompson in 1894. Grenville died in August, 1935 in New York City. He was the author of a long list of inspirational books and guides to oratorical success and personal development. Kleiser also worked as an instructor in Public Speaking at Yale Divinity School, Yale University.

Fonte: Wikipedia.


Senhor, dizei-me como.

Se posso hoje fazer algum bem,
Se posso servir pela vida a fora,
Se posso dizer algo útil,
Senhor, dizei-me como.

Se posso corrigir um erro humano,
Se posso tornar alguém forte,
Se posso alegrar com um sorriso ou canto,
Senhor, dizei-me como.

Se posso ajudar um sofredor,
Se posso aliviar um fardo,
Se posso espalhar mais felicidade,
Senhor, dizei-me como.

Se posso fazer uma boa ação,
Se posso ajudar um necessitado,
Se posso plantar uma semente fecunda,
Senhor, dizei-me como.

Se posso alimentar um coração faminto,
Se posso ajudar um bom começo,
Se posso fazer um papel mais nobre,
Senhor, dizei-me como.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Inspirações do Salmo de Davi para chegar ao coração do Senhor

Senhor,

Ao iniciar esta nova jornada peço a tua proteção
Volta teus olhos para o caminho que ora vou trilhar
estendendo a tua proteção sobre todos os meus passos

Ilumina minha estrada, pois sempre que estás comigo
sou forte e capaz de suportar as lições que me destinas

Orienta as decisões que deverei tomar
Acompanha-me e certifica-me de que estarei indo
ao encontro das minhas melhores opções
Faz com que minha jornada tenha sucesso

Senhor,
Livra-me dos perigos, dos acidentes e de qualquer situação
que possa me impedir de construir a minha felicidade
Governa as minhas ações e o comportamento daqueles que podem influenciar
o meu destino
Dirige a tua luz divina para este teu filho
que ora com fervor e é motivado pelo teu amor.

Que assim seja para sempre!

A sagrada vontade total. Porque as coisas ocorrem de certa forma, e quando isso se dá, de O Livro de Mirdad.

A sagrada vontade total. Porque as coisas ocorrem de certa forma, e quando isso se dá

Capítulo 21

MIRDAD: É estranho que vós, filhos do Tempo e do Espaço, não percebais que o Tempo é a memória universal inscrita nos tabletes do Espaço.
Se vós, limitados como sois pelos sentidos, podeis lembrar-vos de alguma coisa ocorrida entre o nascimento e a morte, quanto o poderá o Tempo, que já era antes de nascerdes e que durará infinitamente após a vossa morte?!
Dir-vos-ei que o Tempo lembra-se de tudo – não só daquilo de que tendes vívidas recordações, como também do que vos passou inteiramente despercebido.
Isso porque não há esquecimento no Tempo; não, jamais o Tempo esquece o mais leve movimento, respiração ou capricho. E tudo que é guardado na memória do Tempo fica profundamente gravado sobre as coisas do Espaço.
A própria terra que pisais, o próprio ar que respirais, as próprias casas em que morais poderiam facilmente revelar-vos os mínimos pormenores do registro de vossas vidas – passada, presente e do porvir – tivésseis vós a capacidade de ler e a perspicácia de entender o sentido.
Na vida, como na morte; na Terra ou além da Terra, jamais estareis sós, mas na constante companhia de seres e coisas que participam de vossa vida e de vossa morte, assim como vós participais da vida e da morte deles. Assim como participais deles, eles participam de vós; assim como os buscais, assim eles vos buscam.
O Homem tem sua conta com todas as coisas, e estas têm sua conta com o Homem. Esse intercâmbio segue sem interrupção. A memória do Homem é um mau guarda-livros; não assim, porém, a perfeita memória do Tempo, que conserva sempre em dia as contas de sua relação com os dos seus contemporâneos e outros seres do Universo e os força a acertar suas contas num piscar de olhos, vida após vida, morte após morte.
O raio jamais feriria a casa se a casa não o atraísse. A casa é tão responsável pela sua ruína quanto o raio.
Um touro jamais chifra um homem se o homem não o convidar a chifrá-lo. E na verdade aquele homem deve responder mais pelo seu sangue do que o boi.
O assassinado afia o punhal do assassino e ambos desferem o golpe fatal.
O roubado dirige os movimentos do ladrão e ambos cometem o roubo.
Sim, o Homem convida as suas próprias calamidades e depois protesta contra os hóspedes importunos, por se haver esquecido quando e como escreveu e enviou os convites. O Tempo, no entanto, jamais esquece; e o Tempo a tempo e horas entrega o convite no endereço certo; e o Tempo conduz cada convidado à casa do anfitrião.
E em verdade vos digo, jamais protesteis contra um hóspede, para que ele não se vingue, demorando-se muito tempo ou tornando as suas visitas mais freqüentes do que seria normal.
Sede bondosos e hospitaleiros para com todos os vossos hóspedes, seja qual for o seu procedimento ou o seu comportamento; pois na realidade são somente vossos credores. Dai aos mais importunos ainda mais do que deveis, para que se vão gratos e satisfeitos e para que, se voltarem a visitar-vos, o façam como amigos e não como credores.
Tratai cada hóspede como hóspede de honra, a fim de que, captando-lhes a confiança, possais descobrir os motivos ocultos de sua visita.
Aceitai a desventura como se fosse ventura, pois uma desventura, uma vez compreendida, logo se transforma em ventura. Por outro lado, a ventura mal compreendida muito em breve se torna desventura.
Vós escolheis o vosso nascimento e a vossa morte, a hora, o local e o modo, não obstante a vossa memória caprichosa, que não é mais do que um emaranhado de falsidades, cheia de buracos e de brechas enormes.
O pretenso sábio declara que os homens não têm qualquer influência em seu nascimento e morte. O indolente que olha de esguelha para o Tempo e o Espaço logo afirma que a maior parte do que sucede no Tempo e no Espaço é acidental. Cuidado com os seus conceitos e as suas ilusões, meus Companheiros.
Nada existe no Tempo e no Espaço que seja acidental. Todas as coisas são ordenadas pela Vontade Total, que em nada erra e nada esquece.
Assim como as gotas de chuva se reúnem nas fontes; e as fontes fluem para se transformarem em riachos, e os riachos em ribeirões; assim como os ribeirões se oferecem como afluentes dos rios maiores e estes, por sua vez, levam as suas águas ao mar, e o mar se junta ao Grande Oceano – assim cada vontade de cada criatura, inanimada ou animada, flui como tributária da Vontade Total.
Em verdade vos digo que tudo tem vontade. Mesmo a pedra, aparentemente tão surda e muda e sem vida, não é isenta de vontade. Se assim fosse, ela em nada influiria e nada a afetaria. A sua consciência de querer e de ser poderá diferir da do homem, em grau, porém não em substância.
De quanto, com referência à vida de um só dia, podereis afirmar que sois conscientes? De uma parte insignificante, na realidade.
Se vós, dotados de cérebro, memória e meios de registrar emoções e pensamentos, ainda sois inconscientes da maior parte da vida de um único dia, porque vos admirais de que uma pedra seja inconsciente de sua vida e sua vontade?
E assim como viveis e vos moveis quase inconscientementes de que estais vivendo e vos movendo, assim também quereis terdes consciência de que estais querendo. Mas a Vontade Total é consciente da vossa inconsciência e da de toda criatura no Universo.
Ao se redistribuir a si mesma como soe suceder a todo instante do Tempo e em todos os pontos do Espaço, a Vontade Total dá a cada homem e a cada coisa aquilo que ele ou ela desejaram nem mais nem menos, quer o tenham querido conscientemente ou não. Os homens, porém, não o sabendo, surpreendem-se freqüentemente com o que lhes toca da sacola da Vontade Total que tudo contém. E os homens protestam, abatidos, desanimados, e culpam os caprichos do Destino.
Não é o Destino, ó monges, que é caprichoso; pois Destino não é mais do que outro nome da Vontade Total. E a vontade do Homem que ainda é muito caprichosa, muito instável e muito incerta no seu curso: hoje corre para o oriente e amanhã para o ocidente; aqui marca isto como sendo bom, e ali decreta que é mau; agora aceita um homem como amigo, e mais tarde o combate como inimigo.
Vossa vontade não deve ser caprichosa, meus Companheiros. Lembrai-vos de que todas as nossas relações com as coisas e os homens são determinadas pelo que quereis deles e pelo que eles querem de vós.
Portanto, já antes vos disse e agora torno a dizer: Tomai cuidado de como respirais, de como falais, do que desejais, do que pensais e fazeis. Porque a vossa vontade está escondida em cada respiração, em cada palavra, em cada desejo, em cada pensamento e em cada ação. E o que está oculto para vós será sempre manifesto à Vontade Total.
Não queirais obter de nenhum homem um prazer que para ele seja uma dor, pois, se o fizerdes, o vosso prazer vos doerá mais do que uma dor.
Nem queirais obter de coisa alguma um bem que para ela seja um mal, pois, se o fizerdes, estareis querendo um mal também para vós.
Mas querei de todos os homens e de todas as coisas o seu amor; pois somente com ele serão levantados vossos véus e a Compreensão nascerá em vosso coração, iniciando-se assim a vossa vontade nos profundos mistérios da Vontade Total.
Enquanto não chegardes a ser conscientes de todas as coisas não podereis ser conscientes da vontade delas em vós, nem de vossa vontade nelas.
Enquanto não fordes conscientes de vossa vontade em todas as coisas, e delas em vossa vontade, não podereis conhecer os mistérios da Vontade Total.
E enquanto não conhecerdes os mistérios da Vontade Total não deveis estabelecer a vossa contra ela; pois certamente sereis vencidos. Saireis de cada encontro feridos e embriagados de fel; e buscareis vingar-vos somente para acrescentardes mais ferimentos aos antigos e fazer transbordar a vossa taça de fel.
Em verdade vos digo, aceitai a Vontade Total, se quereis transformar a derrota em vitória. Aceitai, sem murmurar, todas as coisas que de sua misteriosa sacola caírem sobre vós; aceitai com gratidão, convencidos de que são a vossa parte, justa e perfeita, da Vontade Total. Aceitai-as com vontade de compreender o seu valor e o seu significado.
E quando conseguirdes compreender os caminhos ocultos de vossa própria vontade, tereis compreendido a Vontade Total.
Aceitai o que não sabeis, e talvez isso vos permita vir a saber. Voltai-vos contra o que ignorais, e continuareis a ter ante vós um enigma irritante.
Deixai que a vossa vontade seja serva da Vontade Total até que a Compreensão torne a Vontade Total serva da vossa vontade.

Assim ensinei eu a Noé.
Assim eu agora vos ensino.

O Livro de Mirdad
Autor: Mikhaïl Naimy

Publicado em Bombain, na Índia,
em 1954, pelo Lectorium
Rosicrucianum
Pág. 125, 126, 127, 128 e 129.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Para escrever um simples verso



Para escrever um simples verso


Para escrever um simples verso,
é preciso conhecer muitas cidades, homens, animais
é preciso ter a alma aberta
para o voo dos pássaros
e ser capaz de perceber os gestos das flores
que se abrem ao amanhecer

Para escrever um simples verso,
é preciso viajar por regiões desconhecidas.
Estar preparado para encontros e desencontros inesperados.
É Preciso saber voltar a momentos de nossa infância
que até hoje não conseguimos compreender.
É preciso lembrar do que sentimos
quando ferimos alguém
que sempre nos desejou o melhor possível.

Para escrever um simples verso,
é preciso passar muitas manhãs diante do mar,
muitas tardes diante o pôr-do-sol
muitas noites diante de quem amamos
tudo isso para escrever um simples verso.

Para escrever um simples verso,
não basta lembrar-se do passado
é preciso saber esquecer
e ter paciência para esperar
até que suas lembranças
retornem novamente.

Porque um verso não é feito de memórias
ele transforma-se em nosso sangue,
e se confunde com a própria existência.
Só então chega o momento mágico
quando nasce a primeira palavra.
e ela traz consigo o verdadeiro poema.

Rainer Maria Rilke, poeta alemão.

VERDADES ESSENCIAIS

Desde que haja pobres
também sou pobre.
Desde que haja prisões,
também sou prisioneiro.
Desde que haja enfermos,
também sou fraco.
Desde que haja ignorância,
tenho de aprender a verdade.
Desde que haja ódio,
tenho de amar.
Desde que haja fome,
também estou faminto.


Do Livro Verdades Essenciais
Autor:  Fulton Sheen
Editora Verus.

sábado, 3 de abril de 2010

Oração Rosacruz-Amorc

 Oração Rosacruz-Amorc

 Deus dos nossos corações,
 Revela-nos a beleza de todas as coisas
 Para que possamos apreciar as maravilhas da Tua criação
 Ensina-nos a compreender nossos dons naturais
 para que possamos usá-los para o bem de todos
 Ensina-nos a lei do amor, para que dando possamos receber
 Ensina-nos a aplicar em cada dia as nossas obrigações terrenas
 Possam nossos dons latentes mostrar Tuas maravilhosas leis
 E que possamos dar-nos em cada dia para que outros conheçam
 Teu amor e tua bondade
 E que possamos demonstrar nossos poderes mentais para aqueles, cujas
 necessidades são maiores do que as nossas, possam receber a abundância do Teu amor.
 Permita-nos que busquemos a humildade no servir
 Que nossas próprias necessidades possam ser satisfeitas e eternamente
 glorificar-Te por nosso amor à vida e nosso amor a toda humanidade.

  Assim seja!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

EL SIGNO

                     
                                  EL SIGNO


No hables a todos de las cosas bellas y esenciales.
No arrojes margaritas a los cerdos.
Desciende al nivel de tu interlocutor, para no humillarle o desorientarle.
Sé frívolo con los frívolos...; pero de vez en cuando, como sin
querer, como sin pensarlo, deja caer en su copa, sobre la espuma
de su frivolidad, el pétalo de rosa del Ensueño.
Si no reparan en él, recógelo y vete de su lado, sonriente siempre:
es que para ellos aún no llega la hora.
Mas, si alguien coge el pétalo, como a hurtadillas, y lo acaricia,
y aspira su blando aroma, hazle en seguida en discreto signo de inteligencia...
Llévale después aparte; muéstrale alguna o algunas de las flores
milagrosas de tu jardín; háblale de la Divinidad invisible que nosrodea...
y dale la palavra del conjuro, el Sésamo, ábrete!, de la verdadera Libertad.


Amado Nervo
Livro: Plenitud.

ENCIENDE TU LÁMPARA

                                   

                               ENCIENDE TU LÁMPARA


En cuanto caiga la noche, enciende tu lámpara.
No permanezcas en la obscuridad.
Enciende cuidadosamente tu lámpara.
El viajero que pase, dirá: “cuánto reposo debe haber cerca de esa luz, y cuánta paz”.
La mujer solitaria que la distinga de lejos, pensará: “allí debe
anidar el amor; dos que se quieren son bañados por el mismo fulgor blando...”
El nino que la contemple, exclamará: “tal vez hay niños en redor
de la mesa, y leen bellos cuentos y miran maravillosas estampas”.
El ladrón furtivo murmurará con recelo: “allí vive un hombre
prevenido a quien no se puede atacar a mansalva”.
Muchos, al internarse en la selva, se sentirán confortados por tu luz.
En verdad te digo que es misericordioso, a las primeras sombras,
encender nuestra lámpara: la buena lámpara de que el Padre
ha provisto a los caminantes de la vida.


Amado Nervo
Livro: Plenitud.