domingo, 28 de março de 2010

O TROCO, conto de Márcio Almeida

O TROCO


______________________________________________________________________



Márcio Almeida



Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem.

Leonardo da Vinci





- Já que a maioria foi extinta, convoque seus fantasmas, e vamos à luta!

- Já que agora todos não passam de retratos na parede, e não chegam nem a doer em muita gente, como pretende reuni-los? E com que objetivo?

- Se já não existem, resposta alguma faz diferença, concorda?

- Você quer reunir o que não existe para nada?

- Para provocar um tardio efeito moral planetário.

- Com fantasmas e recordações?

- Pode ser, mas fantasmas metem medo e juntos comprovam abusos irrerversíveis. Agora, o que não existe mais vai desaparecer para sempre.

- Onde foi que você errou?

- Na concessão de excesso de livre arbítrio. Talvez...

- Você tem prova de que realmente é o fim? The dream is over?

- Tenho provas oníricas, como Bachelard. Ou seja: fatos que comprovam a vontade de fazer acreditar.

- E começamos por onde?

- Pelas fotos de livros, as imagens de documentários, as toalhas, as ilustrações e sacolas escolares, as roupas de crianças, as tatuagens.

- É suficiente?

- Inclua todos da Arca de Noé, os bestiários, as miniaturas.

- O que mais?

- Use a imaginação. Convoque os fósseis, os que morreram de inanição ou de medo em desfiladeiros, topos de montanhas, fossas abissais. Os que foram abortados e se possível todo o reino animal que alimentou os homens em todos os tempos. Os que foram banqueteados em orgias do consumo. Os que viraram restos nos lixos do desperdício e mesmo os clones.

- Todos então?

- Sem exceção. Os galos de briga. O gato de botas. A gata borralheira. O lobo mau. O cavalo de Troia. O leão da Metro. A Twenth Century Fox, o homem aranha, a aranha negra, King Kong. A chita. A mosca. A Lassie. Rin Tin Tin. O Dumbo. O pato Donald. O pateta. As bolas peludas de Stars War. O cavalo branco de Napoleão. O corcel de Apolo. Orca, a baleia assassina. A pomba-espírito-santo. A pomba-gira. A águia de todas as bandeiras. As tartarugas ninjas. A gata Bundinha, do Paulo Francis. Os 101 dálmatas. O cão de Baskerville. Snuppy, Marley, Vagabundo e Banzé, Bidu, Simba, Fofão, Pluto, Totó, Scooby-doo, Marlim, Garfield, Bambi, o picapau amarelo. Convoque Cérbero, Skoll, Argos e Hokou. Algumas plantas carnívoras, pois são animais verdes. Os dragões. Os que serviram de comida aos próprios bichos, os que jogaram pérolas aos porcos, as bestas do apocalipse, as evocações feitas em seus nomes pelos mitos e em canções folclóricas. Os que povoaram as histórias em quadrinhos, os que, como Mickey, viraram filmes e construíram impérios, os que deram moral às fábulas, os aéreos, os subterrâneos, os rastejantes, os visíveis somente em macroscópios, os que transportavam riquezas no lombo, os auros e os ópteros, os que vieram de outro mundo.

- Mesmo os inofensivos?

- Sobretudo os que foram pisados, humilhados por causa de sua suposta insignificância, os perus natalinos e os pobres de efemérides, o pavão misterioso, o escorpião escarlate, a hiena, que come merda e ri, dromedários tuaregues, os ratos de esgoto, a cabra cega, as cobras dos faquires, os assassinados por aerossóis, os enjaulados em circos e zoológicos, porque, disse-o Olegário Schmitt, “o circo ensina as crianças a rir da dignidade perdida dos animais”. Traga à forra os imolados em propiciatórios como os cordeiros, os que foram mortos pela velocidade em rodovias, os que foram caçados em temporadas e em pleno acasalamento, os empalhados e expostos em museus, as cobaias de laboratórios experimentais, os que serviram de isca, de tapete, de roupa sofisticada, os que foram modelos para comparações bestas e monstruosas. Convoque também as bestas e os monstros. Convoque os que foram usados em sentido pejorativo e no jogo do bicho, os que perderam sua identidade ao se tornarem números em shows da vida, os cães danados, as cadelas, as piranhas e as galinhas da boêmia, as vacas-mulheres, os veados-homens, os cornos-homens, as cobras-sogras, os alunos-burros, os agiotas-morcegos, os amigos-urso, os amigos-da-onça, os bêbedos-gambás, os príncipes-sapos, os políticos-ratos, tudo que couber nas reticências e no etc.

- Parcerias?

- Com os que viraram bolsas de jacaré e visons, os amuletos de pés-de-coelho, os pés-de-cabra, os que constaram em menus de restaurantes exóticos, os lobisomens, as mulas sem cabeça, os gatos escaldados, as pragas de urubus magros, os papagaios de pirata, os que pagaram mico, os que arrastaram asa, ouviram cobras e lagartos e conversas pra boi dormir, os que ficaram com a parte do leão, os que comeram gato por lebre, os que procuraram chifre em cabeça de cavalo, os que deram milho a bode, os que ficaram como baratas tontas e com a pulga atrás da orelha.

- Mais alguns?

- Com certeza. Convoque todos os heróis músicos – Marsias, Orfeu, Dionísio e Osíris – que morreram despedaçados pelos dentes das feras. Mesmo as zebras, convoque-as, para não dar zebra.

- O que fazer primeiro?

- Comunique-se com todos na mesma linguagem, com o mesmo tom de voz e, com cada um, use seu próprio idioma. Depois então azoine, zine, zizie, zoe, zonzongue, zumba, zumbre, zunza, grasne, cachoe, trapeje, crocite, rufe, chie, chilre, gorjeie, bale, muja, trisse, pie, retine, bigongue, martele, calre, relinche, berre, ruja, zorne, azurre, trine, bufe, trisse, estridule, bodeje, arrue, rebusne, barregue, bezoe, grunhe, chilide, cuinque, esganice, berregue, arense, guizalhe, sibile, arense, silve, corveje, cucule, turturine, bacoreje, grazine, rebrame, mas não fale.

- Com quem poderia falar? Com a Rede Globo? A National Geographic? Afinal, será “o” evento. Alguém registrará o fato para povos a zilhões de anos-luz da Terra. Como a natureza, este acontecimento não dará duas safras. Há de?

- Fale somente com os amanuenses naturais: resgate as referências diurnas e noturnas de Rugendas, Von Martius, Antonil, Humboldt, Saint-Hilaire. Fale com os versos dos poetas criadores do zoológico no céu, os graviteiros de cavernas trogloditas, os inventores de Ícaros, Pegasus, minotauros, os prestidigitadores que transformam lenços em coelhos, os engolidores de cobras. Convoque a pena sacra de Philippe de Thaon, no século XII, e a de Richard de Fournival, o primeiro a escrever um bestiário profano; o Guillaume Apollinaire de O bestiário ou cortejo de Orfeu, Kafka, por certas parábolas, Jorge Luís Borges e Julio Cortázar, que amaram as espécies com estranhamento encantatório. Ah!, impossível e injustilíssimo não incluir o Bachelard de A Terra e os devaneios do repouso, pois, dentre muitas lições, ensinou que se pode arrepender por não se estudar, no momento oportuno, as imagens literárias do verbo formigar, porque, disse o mestre, a uma realidade que formiga está ligada uma imagem fundamental, uma imagem que reage em nós como um princípio de mobilidade. Inclua, por igual competência, Gilbert Durand em razão do seu As estruturas antropológicas do imaginário, onde conclui que após o imaginário ser o conjunto das imagens e relações de imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens, chega-se às metáforas de base, à pobreza essencial , uma espécie de liberdade que pensa para agir pela transformação, a mudança. Nem pense em deixar de fora A revolução dos bichos, de George Orwell. Putz! Este livro é o bicho, animal! Ponha em sua lista Tigre no espelho e Os filhos da esfinge, do amazonense Adrino Aragão; O corvo, de Edgar Allan Poe. Um inteiro Guimarães Rosa, que descobriu, em convívio, que boi fala o tempo todo. O Jaguadarte de Lewis Carroll/Augusto de Campos. Três tristes tigres, do Cabrera Infante. O bestiário, de Abelardo de Carvalho. Não se esqueça nem da Pulga, de John Donne, porque ela mescla “o sangue de nós dois.”

- Você é a favor ou contra o veganismo? O que será dos bichos em um mundo vegano?

- Não será, pois já não existem bichos, homens, mundo.

- Li que o mundo duraria 6 minutos sem o comando do homem. O homem duraria, porém, quanto tempo, sem a presença de nenhum outro animal?

- Foram uns 30 milhões de anos para montar um paraíso, alguns instantes para vê-lo destruído pela falta de bom senso. Ainda bem, meu caro, que o universo é infinito.

- Qual a causa disso tudo?

- O homem não aprendeu a por em prática os valores abstratos.

- Sugere alguns argumentos irresistíveis...?

- O discurso da mulher no cio, quando quer fazer mais uma vítima do seu amor. A retórica de que o exército final da fauna terá o poder do besouro-rinoceronte, capaz de erguer 12 toneladas. A espertise do mico musaranho pigmeu, pequeno mas astuto. A lenda poderosa de que a barata pode sobreviver à explosão nuclear. A inferência de Jung de que pássaros, peixes e serpentes são símbolos fálicos. O canto da sereia e da iara. A lábia da raposa. O charme do boto. O suvenir poético de Vicente Huidobro de que “a noite recolhe suas unhas como o leopardo.” A relembrança de Manuel de Barros de que “os sabiás divinam”, e, por isso, poderão dar uma eficaz cantada literária. Pitágoras, por ter se lembrado de ter sido peixe-mudo. O estrume fértil das metáforas barrocas de Ver de boi, de Paschoal Motta. O que escreveu Jean-Jacques Rousseau em Émile. A constatação manuscrita de Jean Cocteau de que “a tinta [que utilizo] é o sangue azul de um cisne”. A convicção guerreira das ovelhas negras, porque elas sofrem solidão. A resignação melíflua das abelhas operárias. A estratégia pisa-em-mim-que-eu-te-fodo da água viva Sea wasp, pela toxina presente em seus tentáculos. Acrescente Konrad Lorenz: “Aquele que conhece verdadeiramente os animais é por isso mesmo capaz de compreender plenamente o caráter único do homem.” E Axel Munthe: “O animal selvagem e cruel não é aquele que está atrás das grades. É o que está na frente delas.”

- Mas e um argumento assim...irrecusável, genuinamente aliciador, perfeito como dizer tudo com o silêncio ou com um olhar 3X4?

- Use Pitágoras: “Os animais dividem conosco o privilégio de terem uma alma.”

- Mais unzinho só.

- Milan Kundera: “Esse direito – o de matar um veado ou uma vaca – nos parece natural porque nós estamos no alto da hierarquia. Mas bastaria que um terceiro entrasse no jogo, por exemplo, um visitante de outro planeta a quem Deus tivesse dito: Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas, para que toda a evidência do Gênesis fosse posta em dúvida. O homem atrelado à carroça de um marciano – eventualmente grelhado no espeto por um visitante da Via-Láctea – talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria – tarde demais! – desculpas à vaca.”

- V. não é dado ao pensar feminino. Não citou uma mulher sequer.

- Não seja por isso. Minha amiga e atriz Ellen DeGeneres, certa vez me disse em um jantarzinho amigo e light à base de bons capins, gurujuba e vinho, quando tomamos umas & ostras: “Costumo perguntar às pessoas por que elas têm cabeças de veados na parede. Elas sempre dizem que é porque é um belo animal. Bom, eu acho minha mãe muito bonita, mas apenas tenho fotografias dela.” E agora chega! Vá à luta!

- Está certo, mas me diga só mais uma coisa: como é que farei para anunciar tudo isto de uma só vez para o que resta do mundo?

- Fácil e sem problema. Faça um edital e o espalhe pela internet, rádios, televisões, jornais, revistas, pombos-correio. E embaixo ponha meu nome: Deus.


Contato do Márcio Almeida no blog Jura em Cy bemol, em Biografia.

Última página do livro Monólogo de um Preso

DEMORÔ MAS CHEGOU

Getulina, 16/08/2002 – l6h30


Exatamente, sete anos onze meses e cinco dias.

Deus ressuscitou-me. Estou na mesma cela em que cheguei, só que agora para sair. Obrigado, Senhor!!!

Agora é nova vida.

Voltei no raio para procurar uma ordem de saída dos meus papéis. Não encontrei. Aproveitei e peguei Sabedoria em Gotas. Havia terminado de tirar todas as orelhas. De qualquer forma na portaria dou uma idéia, provavelmente consigo, afinal de contas, são meus. Incrível é a raiva. Pode se dizer que estou livre, mesmo assim... vou ficar trancado até 21h30, horário do ônibus para São Paulo. Agora são no máximo 17 horas.

Juracy Ribeiro, sou-lhe grato por tudo eternamente. – Te amo!!!

Imagino que você já saiba que hoje estou renascendo. Sem palavras que expressem o que sinto. Agora é fazer as coisas certas. Realizando tudo que pensei, imaginei, sonhei, idealizei, planejei. Agora está fácil. Já sou voluntário!

Cheguei num plantão, estou saindo noutro. Divergi com os dois que somados não chegam nem perto dos reeducadores de que o sistema necessita.

Essas horas que ficarei aqui serão as últimas de minha vida carcerária.

O funça veio me pagar a janta – recusei. Acho que é picadão. Eca! Fui à cozinha despedir-me de um mano. Gosto dele, mas... não sei até onde posso confiar nele. Na humanidade.

O Afro-X está livre. O Padre Molina comentou hoje pensando ser notícia nova. Veremos se ele fala alguma coisa do livro. Se sim, legal, se não, bom também.

Não posso esquecer, tampouco ignorar que o funça que me requisitou pela matrícula se chama André Luís, baixinho, sempre tranquilo, ímpar.

Louvados sejam os Bons Espíritos, que emanam o Bem a meu favor.

O tempo parece que parou nesta cela. Li o testemunho de uma ex-assaltante Rosângela Domingos, enquanto aguardo finalmente os portões se abrirem praticamente, pois literalmente já se abriram.

São 18 horas. Só sairei às 21h ou mais, contudo, o que são essas três horas comparadas às mais de 70.000 horas que já superei, sem certeza de nada?

Sr. Valdecir veio despedir-se. É um gaioleiro de quem peguei bastante no pé quanto à função reeducativa dele, mas... não é dos piores, e, até que dentro das limitações de ínfimo carcereiro, se esforça para cooperar conosco.

Uf! O dr. Rômulo... Devo-lhe desculpas. Demorô, mas ele cumpriu.

Putz... amanhã jogo futebol com meu sobrinho, e pagarei sorvetes para todos: minha filha Sthefany, meu sobrinho Michel, sobrinhas Miriam, Naara, Nathalia, Emerson e irmãzinha Karen.

Fui o único da penitenciária a ser agraciado com o benefício esta semana. Que na próxima possam muitos receber esta graça. Amém!

Minutos antes de cantar minha Liberdade Condicional discuti com um cara na cela por besteira. Eu queria ajudá-lo a lavar umas cortinas de banheiro. Chegou até a perguntar se eu queria que ele se mudasse. Ontem tentou me apavorar, quando viu que jamais conseguiria falsamente riu e falou que era mula. Não antes de eu lhe dar um rodo e apertar o pescoço dele com uma toalha. Se naquela medida de força ele se sentisse mais forte que eu... não sei não... Mas sou guerreiro de Deus, que me fortifica.(...).

O chefe de plantão noturno, sr. Luiz, veio no guichê com um palito na boca e disse-me o que eu sabia – que irei às 21h15. E que meus pertences estão aqui. Disso eu não sabia. Tudo OK! A passagem para Sampa já está comprada. Firmeza.

O sr. Luiz, quando cheguei aqui há um ano, três meses e cinco dias, foi o único que nos deu atenção e deixou que eu pegasse alguns pertences, pois estávamos apenas de cuecas.

Ouço Titãs, Diversão. Lembro-me da Juracy. Vou conhecê-la está semana.

Não são nem dezenove horas ainda, mas está chegando... Vou ter a chave que Charrière não teve. Teve de fugir, mesmo assim conseguiu ser livre para sempre.(...).

Não compreendo essa tia que o segurado manda não sei pr’onde – acho que pro raio I – quando cheguei aqui foi assim e hoje também. Não entendo.

Não vejo a hora de comer um x-salada e beber uma fanta uva.

Longe de mim blasfemar, porém estou ressuscitando do túmulo de concreto e aço.

“O ESPÍRITO PRODUZ AMOR, ALEGRIA, PAZ, PACIÊNCIA, DELICADEZA, BONDADE, FIDELIDADE, HUMILDADE, (RESIGNAÇÃO) E DOMÍNIO PRÓPRIO.”
Gálatas 5, l6.22-25

Acabou de chegar um de bonde de Lins, pegou o colchão em que eu estava sentado, pois vou embora. (...) Perguntei a hora.

-- 20h20 -- responde sr. Luiz.

-- Tá chegando.

Pensei que fosse menos. Ele disse que o funça que vai me levar ainda não chegou. Por mim... vou sozinho ou ele remaneja.

Reli o que escrevi neste caderno, o qual ganhei do Ibiúna Mão-de-Alicate (Só tem o dedão e o indicador da mão direita. Perdeu os outros numa máquina de moer carne).

Agora vou chamar o sr. Luiz, pedir para arrumar minha coisa e... FREEDOM. RESSURREIÇÃO. Chegou o grande momento. VENCI, SOBREVIVI!!! GRAÇAS A DEUS.

Meu Anjo Ierathel sempre me apoiou e apoia. Nesses últimos minutos na Penitenciária Osiris de Souza e Silva, Getulina. Vou copiar uma página de SABEDORIA EM GOTAS, de Fausto Oliveira, presenteado pela minha musa Juracy.

“A PERCEPÇÃO DA COMPREENSÃO’’
“Parece que estou desenvolvendo cada vez mais minha

compreensão.

Estou percebendo que me conheço melhor e que tenho facilidade

de conhecer e entender todas as pessoas em seus motivos ou

reações, mesmo sem concordar com elas.

Já não sinto necessidade de ser compreendido, nem cobro isso de

ninguém.

A lei afirma que é dando que se recebe, e amando que se é amado

e é compreendendo que recebemos compreensão

E o melhor de tudo: sinto-me melhor.

Sinto que essas coisas já são verdadeiras para mim!”



Ufa!!! 20h55. Chamei o sr. Luiz:

-- Faz favor aqui, seu funcionário.

Na terceira chamada ele surge na porta da chefia, mastigando e pergunta:

-- O que está acontecendo?

-- Num deu a hora não? Dá pro senhor dar descarga, por favor? Num deu

o horário não? Dá pro senhor ligar a água, por favor? Estou com sede.

-- 21h15.

Ele dá a descarga, liga e desliga a água. Volta. Ufa... vinte minutinhos.

Vou ligar para mãe pedir pro Dinho buscar-me na Barra Funda. Já começou a novela. Li todos os panfletos evangélicos que estão nesta cela.

-- ops... ainda passa o jornal nacional.

Estou voltando pra casa – pra vida, progresso e prosperidade com Amor estudo e suor.

Fiquei tocando um funk na porta. O sr. Luiz veio ver. Eu pedi:

-- Sr. Luiz, solta eu, por favor.

-- Já vai! -- responde.

Ele volta secando a mão num pano.

Lá vem com as chaves...

Do livro inédito Monólogo de um preso, de Sérgio Roberto, ou SR-X.

Oração Etíope

Deus,

em paz me concedeste passar o dia

Em paz me concede passar esta noite

Amanhã, por onde eu for

que eu vá sempre pelo caminho

que me indicares

Ó Deus, guia meus passos pelo caminho íntegro


Concede que, falando eu nunca ceda à calúnia

que, tendo fome eu não ceda à murmuração

que, sendo rico eu não me torne prepotente


Concede, Senhor,

que eu passe todos os dias Te invocando

sem outro Senhor acima de Ti.

Assim seja!
                                     Oração Etíope


Foi essa oração que Sérgio e eu adotamos como nossa, e orávamos de mãos dadas todas as noites, durante os quatro meses que juntos estivemos.
 "Curta vida. Longo mar". Cecília Meireles.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Carcereira de bichos

Estou querendo postar muitas coisas interessantes aqui, mas passo o dia todo abrindo e fechando portas pros bichos. Virei carcereira deles. Sei lá. Não posso deixá-los direto lá fora, porque atravessam o córrego e entram com as patas sujas, nem pedem licença.
Piso branco na casa toda. Na roça! Sentiu o drama, né?

Hoje vou ver se dou uma turbinada neste blog. Fim de semana: será que vai dar pra postar algumas fotos? Oremos.

Me aguardem.
Jura, cheia de Cy e de promessas. A mim mesma.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Prefácio do livro Monólogo de um preso

Mea culpa, meu amor


Meu marido sempre me pedia pra terminar a revisão do livro dele e fazer o prefácio. “Você faz prefácio pra todo mundo, você faz a revisão pra tanto preso, menos pra mim...” Calma, calma.

Eu sempre achava que daria tempo, que era cedo ainda... Não era. O tempo dele não era o mesmo tempo meu. O dele urgia.

O Sérgio Roberto ou SR-X, como ele preferia, esteve preso durante quase oito anos, passando por diversas penitenciárias. Dia 16 de agosto de 2002 recebeu a tão esperada Liberdade, foi a São Bernardo do Campo e no domingo, dia 18 de agosto, veio a São José dos Campos pra gente se conhecer. Esta data foi a que ele escolheu pra gravar em nossas alianças. Este foi o dia do nosso reencontro. Tão efêmero quanto eterno.

Os sete meses em que ele esteve em Liberdade, trabalhando muito, muito mesmo, até 12/14 horas por dia e estudando, feliz, com pressa de viver tudo de bom, de vivenciar o Bem a cada instante, estivemos unidos de coração pra coração. Uma vez ele me sussurrou ao ouvido: “Se você não é minha alma gêmea, nossos anjos da guarda são.”

Entramos em contato a partir de dois textos meus dedicados aos presos publicados no jornal: Algemas de Amor e Falta poesia nas cadeias. Publico agora no final deste livro com a oração que fazíamos todas as noites.

Trabalho com presos escritores revisando seus textos, orientando, enviando pra concursos, procurando editores, etc. O SR-X era um deles.

A princípio relutei muito em me envolver emocionalmente “a ética, a ética...”, mas ele foi tão sutil, tão delicado, muito sagaz e... muito ousado também. Quando dei por mim I caught in a trap.*

O livro estava praticamente pronto. Só faltando alguns títulos, completar o glossário e uns poucos textos pra revisar. Alguns errinhos ele quis manter de propósito. Ele, quase sem tempo, trabalhando muito, me pediu pra revisar e disse que o que eu fizesse estaria OK.

Dia 20 de março ele saiu pra aula à noite e, quando pedi cuidado – estava de moto – me disse: “Deus sabe de todas as coisas”. Foram as últimas palavras que ouvi dele. Uma caminhonete na contramão provocou o acidente e logo ele entrou em coma, morrendo à 00h50.

O SR-X pretendia que o livro Monólogo de um Preso transformasse o sistema carcerário, que afastasse os jovens das drogas, que os presos aprendessem:

“Aprenda, homem no asilo!

Aprenda, homem na prisão!

Aprenda, mulher na cozinha!

Aprenda, ancião!

Você tem que assumir o comando!”

Bertolt Brecht.


Uma alma sensível, um coração sofrido, um menino abandonado. Relatos pungentes do dia-a-dia dos presídios Mesclados com humor, com alegria, com solidariedade, com revolta, resignação, com um olhar surpreendentemente poético. Um doce alento a todos os nossos irmãos encarcerados. Muita esperança.
 Um choro contido. Grito de Fogo! Fogo!


As passagens pelas penitenciárias:


De l5.12.94 CP de Sorocaba

De l5.l2.94 a 18.09.95 CP/ Santo André

De 18.09.95 a 22.05.98 Casa de Detenção SP

De 22.05.98 a 25.01.99 P.I Mirandópolis

De 25.01.99 a 19.07.99 P.II Bauru

De 19.07.99 a 07.10.99 P.I Itapetininga

De 07.10.99 a 21.03.00 P.II Itapetininga

De 21.03.00 a 16.11.00 P.II A.S. Neto Sorocaba

De 16.11.00 a 27.04.01 Casa de Detenção SP

De 27.04.01 a 11.05.01 P. Carandiru III

De 11.05.01 a 16.08.02 P. Getulina


*Fui apanhada numa armadilha.

Juracy Ribeiro

Vamos nessa, gente?

Pessoal,


Já escrevi essa parte, contando como foi o acidente do Sérgio. Até pra filha dele, Sthefany, hoje com dezesseis anos, saber o que se passou.

Coincidências? Um dos supostos culpados do acidente, o motorista da caminhonete: Gil. O bombeiro do Resgate que socorreu Sérgio: sargento Gilmar (hoje aposentado, morando em Cruzeiro). O delegado que concluíu o inquérito, dr. Rubergil Violante.


Aos poucos vou contando um pouco mais de mim, do que foi nosso reencontro tão breve, do livro inédito que Sérgio deixou Monólogo de um preso.



Meu ano está apenas começando. Parece que as coisas só fluem pra mim depois de 21 de março. Nesse dia chorei muito... reações de aniversário, ainda. Um trauma imenso pra todos nós.  Lembranças muito vivas. Mas, daqui a pouco, sigo em frente.


Vamos nessa?


Abraços,
Juracy.


20 de março -- lua-de-mel em Mongaguá

Continuando o post anterior, o dia 20, sexta-feira,  foi uma reviravolta total em casa. Sérgio se levantou bem cedo, antes das 6 pra ir trabalhar de moto em Caçapava. Trabalha como motoboy e estava gostando muito, principalmente por conhecer algumas cidades do Vale do Paraíba. Me levantei  também, tomamos café juntos e fizemos alguns planos pra noite, após minha aula na Univap e dele, na escola Benedito Matarazzo.
Ele foi embora e voltei a dormir.

Sonho premonitório

Sonho que Sérgio está num campo bem aberto, grama rasteira com alguns atores de teatro. Uns cinco atores. Eles rolam na grama. Há uma ribanceira atrás.Eles rolam ao som da música The sound of silence. Sérgio é o único que rola a ribanceira. No sonho, assistindo isso, penso: "nossa! Sérgio é o único que dá o melhor de si. Ele se joga. Ele é muito profundo em tudo o que faz."


Acordei do sonho com barulho da moto e ele chegando. Perguntei o que houve, que ele estava de volta de de quem era a aquela moto branca. A moto dele era Honda, vermelha. Eram umas dez horas. Ele disse que às 8h45 batera a moto num caminhão na Dutra e que aquela moto era do patrão. Senti um nó na garganta. Eu disse que nâo acreditava, e ele arregaçou a manga do blusão me mostrando o cotovelo machucado, braço esfolado, não muito. Comecei a chorar e ele, tirando o blusão, me mostrou o ombro bem esfolado,. Queria que fosse ao pronto-socorro, mas ele me falou pra não fazer drama. Começou a rir de mim. Então perguntei, olhando bem nos olhos dele e já pensando, que exatamente no momento do acidente, eu estava sonhando com ele: "Na Dutra, Sérgio? Você não teve medo?"  Ele deu uma reviravolta no quarto, me olhou firme nos olhos:
-- Medo? Eu res-sus-ci-tei.
Dei um suspiro. Peguei mercúrio, gaze e estava fazendo curativo nele, quando chegaram os missionários mórmons. Eu não queria atendê-los. Queria ficar sozinha com ele nesse momento, mas Sérgio fez questão de recebê-los. Começou a contar pros rapazes como foi o acidente. Perguntei sobre a moto - "Ficou num posto em Caçapava. Amanhã vou buscar".

"Quero nossa lua-de-mel em Mongaguá".

Depois do almoço, ele saiu pra trabalhava numa outra empresa de polpa de fruta, fazendo entregas. Voltou às 5 horas. Estava bem animado, feliz, tinha feito na semana anterior trança nos cabelos, o que tinha ficado lindo. Começamos a conversar sobre planos pro nosso casamento, que já estava marcado pra maio. O rapaz que iria cantar na igreja é o marido da Iracema e viria em casa na segunda à noite pros últimos acertos. Escolhi a música do padre Zezinho A família.
Nossa lua-de-mel seria em Mongaguá. Lá mora o melhor amigo dele, agora não me lembro o nome. Preciso ver na agenda. Nos beijamos muito, muito, muito. E rimos bastante.

Saí pra ir à aula. Resolvi voltar.

Eu estava usando o mesmo vestido de quando o conheci -- preto com flores coloridas. Ele me disse: esse é o vestido! Eu, pronta pra ir à aula. Me despedi dele e da Alice e Tábata, que estavam em casa, cozinhando.
Elas iriam depois pra Urbanova, também, numa entrevista bem informal de emprego da Tábata. Me despedi do Sérgio, e como era sexta, mais tarde a gente ia sair. Andei umas quatro casas pra ir até o ponto de ônibus e resolvi voltar. Minha intuição me fez voltar. E ele:  o que houve? Não vai à aula?
- Não. Muita roupa pra passar.
Ele estava arrumando a mochila pra aula e falando comigo, Alice e Tábata: -- Deixei a carteira pra ser assinada hoje. (Ele queria muito isso, porque estava em liberdade condicional e tinha que se apresentar ao juiz, a cada três meses em São Bernardo do Campo). Vou ter seguro de vida. E olhando pra mim: "Vou deixar um dinheirão pra você torrar com o Ricardão." Fiz cara de quem não gostou e ele, rindo pra Alice: "Sua mãe não gosta que eu fale assim."
E a essa altura da conversa ele estava falando com a boca toda lambuzada de batom vermelho e nem aí.

Deus sabe de todas as coisas.

Ele estava pronto, pegou a capa de chuva, que Elisa dera de presente, mochila, capacete. Fui com ele até o portão. Ele havia passado gel nos cabelos. Pôs o capacete no braço pra dar tempo de secar o gel. Imaginei que logo depois ele colocaria o capacete na cabeça e assim fez. Eu não disse nada, porque ele às vezes me dizia: não sou seu filho. Era treze anos mais jovem que eu. Pensei em dizer: vai com Deus, mas estávamos frequentando a igreja Mórmon e aprendido na prática a não dizer o nome de Deus em vão. Eu disse apenas: Cuidado! E ele me olhando bem nos olhos:"Deus sabe de todas as coisas". Foram as suas últimas palavras.

Saiu de casa às 6h50, às sete sofreu outro acidente, agora na Estrada Velha Rio-São Paulo. Foi socorrido pelo Resgate às 7h30. Às 8h30 o pronto socorro da Vila Industrial me liga -- perguntando se ali morava algum Sérgio Roberto. Não havia nada nos cadernos dele - agenda ficara em casa - nenhum documento ou celular que o indentificasse. Só uma coisa: a carta do amigo de muitos anos, que estava preso em Bauru, de quem ele mais gostava, Luiz Felippe Saldanha de Araujo.
Fomos rapidamente ao hospital e no local do acidente já vimos sangue derramado e destroços da moto espalhados. Nunca saberemos ao certo. Uma caminhonete na contramão - disseram, mas não houve testemunhas e,  quem bateu fugiu em seguida sem prestar socorro.
Sérgio já estava em coma. Estava na UTI. Só Rubem e eu entramos. Eu, muito abalada vendo ele  naquela situação trágica, consegui manter a calma e dizer: "Sérgio, está tudo bem! Os médicos estão se esforçando muito pela sua recuperação bem rápida". Rubem não disse nada. Estava muito transtornado. Ao deixar a UTI me despedi: "Sérgio, fica com Deus. Fica em paz."
O Hospital pediu que voltássemos pra casa. Novas notícias dele só às sete da manhã. Mal chegamos em casa, o telefone toca. O Hospital chamando de volta. Liguei pra São Bernardo do Campo pra avisar a mãe dele, Marluce, e pra Solange, a mãe da Sthefany, filha do Sérgio, então com nove anos.
Elisa, Rubem e eu na sala do médico. Ele me pergunta: O que o Sérgio Roberto é da senhora? -- Marido! Pergunta ao Rubem: -- Padrasto! À Elisa: Padrasto! Faltou Alice. Não conseguimos localizá-la pelo celular. 'Infelizmente o Sérgio não resistiu. Ele morreu meia-noite e dez" --- o médico nos sentenciando à irremediável solidão. Perguntei a ele se eu poderia fazer uma última oração junto ao Sérgio.  Ele disse que até poderia sim, mas que Sérgio já tinha sido levado ao IML. Sérgio estava com 31 anos. Era o início do dia 21 de março de 2003. E Deus sabia de todas as coisas.

sexta-feira, 19 de março de 2010

19 de março - o que mais?

No Brasil todos ouvimos que o ano só começa mesmo depois do Carnaval. Parece até que já está no inconsciente coletivo do país. Pra mim, o ano só começa depois de 21 de março. Explico:

 Dia 19 de março é um dia muito especial em minha vida. É dia de  São José, o mais terno, o mais carinhoso, o mais delicado dos santos. São José, que Leonardo Boff chamou o rosto Paterno de DeusLeonardo Boff também é um santo.
Depois São José tornou-se o mestre ascenso Saint Germain.

É também uma das cinco datas especiais dos chamados gênios da humanidade. Quem nasce em qualquer dessas datas: 5 de janeiro, 19 de março, 31 de maio, 12 de agosto e 24 de outubro pode escolher qualquer dos 72 anjos da Cabala e adotá-lo como sendo seu anjo de guarda.


Foi no dia 19 de março que, aos doze anos, em 1970, fui iniciada no cristianismo nas águas do batismo na Congregação Cristã no Brasil.

Site não-oficial http://www.cristanobrasil.com/index.php?ccb=indexis

 Mais fácil dizer como dizemos em nossa família: a igreja da  mãe. Meus anscestrais pertencem a essa igreja  de longa data. É a mesma igreja a que pertence, segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, de 17 de maio de 2009, o (novo) comandante da ROTA, o tenente-coronel Paulo Adriano Lopes Telhada.
Telhada voltou: "O crime que se cuide"  http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090517/not_imp372180,0.php

Foi na igreja da mãe -- crescendo em berço evangélico, portanto, que tive a base necessária pra nortear minha vida nos princípios cristãos, ética, amor e fé. Aprendi por toda vida hinos muito bonitos, inspirados por anjos mesmo, acredito. Gostaria que meus filhos pudessem ter aprendido também.
Minha mãe, Olívia,  e meu finado irmão Élcio tinham ministério, ele músico;  ela, atendendo a porta e ao batismo durante longos longos anos. Depois do aprendizado que tive ali,  outros mestres apareceram. Eu estava pronta. Sou grata por tudo, aos mestres da igreja e aos meus pais.

Nesse dia minha sogra, dona Áurea, mãe do Nenê, foi convocada pelos anjos aos 53 anos, em 1984,  21 dia antes do Rubem, meu filho caçula, nascer. Nessa época, a esperança de vida das mulheres era 53 anos. Ela teve câncer, doença que levaria minha mãe treze anos depois.
Pena que meus filhos não puderam conviver com dona Áurea. Muito alegre, cheia de vida, muito simples, aquela pessoa criada na roça em Minas Gerais -- muito amor e gratidão por tudo. Quando me casei ela disse a minha mãe: O Nenê é bom filho, vai ser bom marido, e bom pai. E que, naquele momento ela estava ganhando uma filha. Dito e feito. Ela era muito compreensiva, amiga, minha confidente. E era tudo recíproco.

É no dia 19 de março o aniversário de uma figura muito amável: a cunhada Roseli, mãe da Bruna. Era casada com meu irmão Edílson, o caçula.

Sentados na cama, quase três horas de muita conversa, foi no dia 19 de março de 2003 que, meu marido Sérgio Roberto me disse uns versos bem bonitos, disse adeus e foi-se embora. Dois dias depois. Para sempre.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ParaCelso - De Príncipes e Filósofos

Hoje é dia do aniversário de meu irmão mais velho mais novo que eu. Celso. O quarto na linha sucessória.
Não sei se ele é filósofo em pele de príncipe ou príncipe em pele de filósofo. Mas, uma coisa não tenho dúvida: ele é um lorde. Diretor da NOVA ACRÓPOLE,  de Taubaté, é um pisciano que já sabe a que veio neste Planeta: filosofar e servir.
Parabéns, Celso. Muita vida nos seus anos. Que todos os deuses te abençoem.
Viva a Filosofia à maneira clássica!

LILIAN ROSA ROSAE – Luce prima


 Já tenho um blog, Jura em Cy bemol, de poemas, poemas infantis e contos, que tem me dado novos   amigos e alegrias.
 Agora quero começar um blog de prosa, Soma, o Enigma, que é o título de meu livro inédito de contos.
Vamos cortar a fita de inauguração de forma simples e luxuosa: com medalha de ouro.

Uma artista plástica iniciante em sua primeira tentativa de participar de exposição ganha o primeiro prêmio no 3o Salão da Mulher de Taubaté - SP, 2010.
O título do quadro: Índios. Autora: Lilian Rosa.

Lilian tem Rosa e rosas. Rosa é a cor do Amor. Lilian não tem bala na agulha, tem muita tinta no pincel, ideias geniais na mente e muito amor pra compartilhar.

Já gravou o nome? Vou repetir: Lilian Rosa. Pra não esquecer, por favor, visite o blog dela http://www.biodivertarte.blogspot.com/ Convém segui-la de perto.

                                             She rocks.

Admirando as telas de Lilian, me lembrei de A Banda, de Chico Buarque, e da crônica de Carlos Drummond de Andrade. Enquanto todo mundo está falando em corrupção, grana curta, violência, terremotos, tsunamis, ela está nos convidando pra ver a banda passar pintando coisas de amor. Plenamente lúcida.
Daqui a poucos anos, procure Lilian Rosa nas bienais deste país ou do exterior.
Lilian, tudo o que você pintar vai virar ouro.

segunda-feira, 1 de março de 2010

"O Mundo tem Saudade de Ti", Papa João Paulo II

O Mundo tem Saudade de Ti

Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne, o mundo tem saudades de ti qual imagem de Jesus crucificado.
Tem necessidade do teu coração aberto para Deus e para o homem, dos teus pés descalços e feridos, das tuas mãos traspassadas e implorantes.
Tem saudades da tua voz fraca, mas forte pelo poder do Evangelho.
Ajuda, Francisco, os homens de hoje a reconhecerem o mal do pecado e a procurarem a sua purificação na penitência. Ajuda-os a libertarem-se das próprias estruturas do pecado, que oprimem a sociedade de hoje.
Reaviva na consciência dos governantes a urgência da Paz nas Nações e entre os Povos.
Infunde nos jovens o teu vigor de vida, capaz de contrastar os insídias das múltiplas culturas da morte.
Aos ofendidos por toda espécie de maldade, comunica, Francisco, a tua alegria de saber perdoar.
A todos os crucificados pelo sofrimento, pela fome e pela guerra, reabre as portas da esperança.

Amém.

Papa João Paulo II, em visita ao Monte Alverne, 1993.

E-mail: fraternidadefranciscana@yahoo.com.br
http://www.fraternidadesaofranciscodeassis.jex.com.br/mensagem+do+mes/papa+joao+paulo+ii