sábado, 1 de maio de 2010

Tarde sertaneja, de Cassiano Ricardo

Tarde sertaneja

Eu ia andando pelo caminho
em pleno sertão, o cafezal tinha ficado lá longe...
Foi quando escutei o seu canto
que me pareceu o soluço sem-fim da distância...
A ânsia de tudo o que é longo como as palmeiras
A saudade de tudo o que é comprido como os rios
O lamento de tudo o que é roxo como a tarde...
O choro de tudo o que fica chorando por estar longe...
bem longe.

Cassiano Ricardo -
Quarto ocupante da Cadeira 31, eleito em 9 de setembro de 1937, na sucessão de Paulo Setúbal e recebido pelo Acadêmico Guilherme de Almeida em 28 de dezembro de 1937. Recebeu os Acadêmicos Fernando de Azevedo e Menotti del Picchia.
Cassiano Ricardo (C. R. Leite), jornalista, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos, SP, em 26 de julho de 1895, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de janeiro de 1974. Eleito em 9 de setembro de 1937 para a Cadeira n. 31, na sucessão de Paulo Setúbal, foi recebido em 28 de dezembro de 1937 pelo acadêmico Guilherme de Almeida. Pã (1917) de 50 e 60. A sua obra Jeremias sem-chorar, de 1964, é bem representativa desta posição de um poeta experimental que veio de bem longe em sua vivência estética e, nesse livro, está em pleno domínio das técnicas gráfico-visuais vanguardistas.

Leia mais sobre vida e obra de Cassiano Ricardo no site da Academia Brasileira de Letras - http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=390&sid=295



Pedro, caríssimo,

Sobre a tristeza que a gente estava conversando ontem preciso te dizer algo.
Aqui em São José um músico maravilhoso, Joca Freire, musicou 10 poemas de Cassiano Ricardo + outra música que ele compôs fazendo uma mescla de vários poemas de Cassiano e + a voz do nosso poeta maior declamando Era em S. José dos Campos.
Tarde sertaneja é um desses poemas musicados. Liguei urgentemente pro Joca depois de ouvir o CD. Vou copiar pra você, não tem pra vender, acho que não. [Agora já tem].
Eu disse a ele: Joca, chorei e muito quando ouvi esse poema. Joca me contou que foi o primeiro poema do CD a ser  musicado.

Em outubro acontece aqui há 36 anos a Semana Cassiano Ricardo e todo ano faço palestras sobre vida e obra de Casssiano. Numa dessas palestras aos professores na escola Joaquim de Moura Candelária, -- agora moro perto dessa escola, --  declamei esse poema antes de apresentar o CD, falar sobre Cassiano Ricardo e Joca Freire.

Uma das professoras chorou muito ao ouvir. Teve uma catarse. Me emocionei. Liguei pro Joca e relatei o fato.Esse poema me faz lembrar Jung e o inconsciente coletivo. Acredito que nós, mesmo sem sabermos porque, temos essa tristeza. Assim como, não tem hora que a gente tem uma alegria besta sem que saibamos de onde vem?

Portanto, quero desdizer, amigo Pedrinho, quando disse ontem que temos de curtir a tristeza, mas com motivo. Não necessariamente. A gente acaba acessando algum núcleo interno. Nosso alma sabe porquê. Deus o sabe.

Resolvi postar o poema com o email enviado ao meu amigo de Santo André, Pedro Kowaliuskas, também poeta e declamador de poesias, até de Castro Alves e Lord Byron. E dirige o carro cantando músicas de Nelson Gonçalves em voz alta Sentiu firmeza?
Ano?  36a. Semana Cassiano Ricardo. I don't remember. Sorry! Preciso checar.

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